quinta-feira, 30 de junho de 2011

Traz-me a tua alma



Quando estiveres comigo, não me tragas abraços ou beijos.
Traz-me antes a tua alma e o teu coração.
Deixa os abraços e os beijos, para os que não se conhecem, para os de passagem.
Se me trouxeres a tua alma, posso ensinar-te mil coisas.
Posso ensinar-te lealdade, respeito, alegria e, aquela solidariedade,
que só existe entre almas que se conhecem.
Com o teu coração, posso fazer maravilhas.
Posso ensinar-te a amar, sem altos nem baixos,
igual do primeiro ao último dia.
Posso mais, posso ensinar-te a palavra amizade,
Com o significado perfeito de cada letra desta palavra.
Posso mesmo, abraçar-te todos os dias, sem que para isso,
seja preciso levantar, qualquer um dos meus braços.

Clarita*

* A Clarita, com mais de 80 anos, viveu casada mais de 50 anos e sempre conservou bem vivo o amor pelo seu marido. Faleceu há cerca de um mês!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Peixe e o Mar – Nós e Deus

Peixe  no mar Wallpaper Download
Uma vez pediram a um peixe para falar do mar.
 - Fala-nos do mar - disseram-lhe.
 - Dizem que é muito grande o mar - respondeu o peixe. - Dizem que sem ele morreríamos. Não sou o peixe mais indicado para vos falar do mar. Eu, do mar, só conheço bem são estes dez metros à superfície. É só deles que vos posso falar. É aqui que passo o meu tempo, quase sempre distraído. Ando de um lado para o outro, à procura de comida ou simplesmente às voltas com o meu cardume. No meu cardume não se fala do mar. Fala-se das algas, das rochas, das marés, dos peixes grandes e perigosos, dos peixes pequenos e saborosos e de que temperatura fará amanhã. O meu cardume é assim: eles vão e eu vou atrás deles.
 - Mas tu, que és peixe, nunca sentiste o mar?
 - Creio que o sinto, às vezes, passar por minhas guelras. Umas vezes o sinto, outras não. Às vezes o sinto, quando não me distraio com outras coisas. Fecho os olhos e fico sentindo o mar. Isso tudo de noite, claro, para que os outros não vejam. Diriam que sou louco por dar tempo ao mar.
 - Conheces o mar, portanto. Podes falar-nos do mar?
 - Sei que é grande e profundo, mas não vos quero enganar. Sei de peixes que já desceram ao fundo do mar. Quando os ouvi falar, percebi que não conheço o mar. Perguntai a eles, que vos saberão falar do mar. Eu nunca desci muito fundo. Bem, talvez uma ou duas vezes... Um dia as ondas eram fortes que eu tive de me deixar levar fundo, para não morrer. Nunca tinha estado lá e nunca esquecerei que lá estive. Apenas vos sei falar bem da superfície do mar...
 - Foi ruim, quando desceste? Por que voltaste à superfície?
 - Não foi ruim. Foi muito bom. Havia muita paz, muito silêncio. Era como se lá fosse minha casa, como se ali estivesse inteiro.
 - Por que não voltaste lá para o fundo? Por preguiça?
 - Às vezes acho que é preguiça, outra vezes acho que é medo.
 - Medo? Mas tu não disseste que era bom? Medo de que?
 - Medo do desconhecido, medo de me perder. Aqui à superfície já estou habituado. Adquiri um certo 'status' para mim mesmo. Controlo as coisas ou, pelo menos, tenho a sensação de as controlar. Lá embaixo não sei bem o que pode acontecer. Estou todo nas mãos do mar.
 - Tiveste medo quando chegaste ao fundo do mar?
 - Não tive medo algum. Era tudo muito simples... E no entanto agora tenho medo... Mas eu não cheguei ao fundo do mar! Apenas estive menos à superfície.
 - E o que dizem os outros que lá estiveram?
 - Dizem coisas que eu não entendo. Dizem que não é preciso ir para saber. E dizem que não há nada mais importante na vida de um peixe.
 - E explicam como se vai?
 - Aí é que está. Explicam que não se chega lá por esforço, que só podemos fazer esforço em deixar-nos ir. Que é só o mar que nos leva ao mar.
 Então veio uma corrente mais forte que o fez descer. O peixe tentou lutar contra ela com todas as forças que tinha, à medida que via distanciarem-se as coisas da superfície. Talvez para sempre... Mas depois fechou os olhos, confiou e já sem medo deixou-se ir.
É difícil ver as coisas que estão longe. Mas ainda é mais difícil ver aquelas que estão realmente perto. Até já pensei que talvez seja por causa disso que é difícil ver Deus, não porque ele esteja longe de nós mas, pelo contrário, por estarmos muito perto dele, talvez dentro dele, como O PEIXE E O MAR.

Nuno Tovar de Lemos

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Tiveste tempo para tudo, excepto para mim!"






"Tiveste tempo para tudo, excepto para mim!"

Ouvi esta frase, já meio ensonado, sem saber donde vinha.
Eras TU, Senhor que me falavas do íntimo da consciência.
De facto estava arrasado de cansaço.
E Tu esperavas a palavra sem dela precisar.
Reparei que isso acontece mais vezes do que devia.
É terrível ter tempo para tudo, excepto para Ti, meu Senhor e meu tudo.
Pergunto-me para onde anda voltado o meu coração.
E quero dizer-Te, de verdade, que está voltado para Ti.
Só que, de fraco, se perde nos becos e nos caminhos
que não vão dar a nenhum lugar.
Ensina-me, Senhor, o caminho.
E a dar-Te prioridade em cada segundo da minha respiração.

Pe. António Rego

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um olhar contemplativo para Maria



Eu gostaria de dirigir um olhar contemplativo para Maria, da forma como ela é descrita nos Atos dos Apóstolos, quando nascia a Igreja. No início deste escrito neotestamentário, que apresenta a vida da primeira comunidade cristã, Lucas, após ter citado os nomes dos Apóstolos, um a um, afirma: "Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a Mãe de Jesus, e os irmãos dele." (Isto é, os primos de Jesus.) (At 1, 14)

Neste quadro a pessoa de Maria se destaca, como sendo a única que, além dos Apóstolos, é chamada pelo nome: ela representa um rosto da Igreja, diferente e complementar àquele, ministerial ou hierárquico. Efetivamente, a frase de Lucas relata a presença de algumas mulheres no Cenáculo, mostrando, desta forma, a importância da contribuição da mulher na vida da Igreja, desde os seus primórdios.
Esta presença está estreitamente ligada à perseverança da comunidade, na oração e na concórdia. E estes traços exprimem, com perfeição, dois aspectos fundamentais da contribuição específica da mulher na vida eclesial. Os homens, em geral, mais voltados para as atividades externas, necessitam da ajuda da mulher para serem reconduzidos às relações pessoais e para progredirem no caminho que leva à união dos corações. Maria assume, de modo eminente, esta missão da mulher. Quem melhor do que Ela nos estimula à persistência na oração? Quem melhor do que ela é capaz de promover a concórdia e o amor?

João Paulo II

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Amnistia

Não me move, meu Deus, para querer-te



Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu, ainda te amara
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.

Teresa de Jesus

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...