segunda-feira, 25 de abril de 2011

Que sentido tem a Páscoa?




1. Quinta-feira Santa

Todas as vidas cabem na imagem quotidiana do pão que se parte e reparte. As vidas são coisas semeadas, crescidas, maturadas, ceifadas, trituradas, amassadas: são como pão. Não apenas degustamos e consumimos o mundo: dentro de nós vamos percebendo que o tempo também nos consome, nos gasta, nos devora. Somos uma massa que se quebra, uma espessura que diminui.

A questão é saber com que sentido e intensidade vivemos este tráfico inevitável. Todos nos gastamos, certo. Mas em que comércios? Todos sentimos que a vida se parte. Mas como tornar esse facto trágico numa afirmação fecunda e plena da própria vida?

Por isso espantam as palavras de Jesus. Ele pegou no pão e disse: "Tomem e comam, pois este pão é o meu corpo entregue por vós". A Eucaristia, por vezes repetida como mero culto ou rotineiro signo de pertença sociológica, é, na verdade, o lugar vital da decisão sobre o que fazer da vida. Todas as vidas são pão, mas nem todas são Eucaristia, isto é, oferta radical de si, entrega, doação, serviço. Todas as vidas chegam ao fim, mas nem todas vão até ao fim no parto dessa utopia (humana e divina) que trazem inscrita. É destas coisas que a Quinta-feira Santa fala.


2. Sábado Santo

O sábado santo não é apenas um dia imenso: é um dia que nos imensa. Aparentemente representa uma espécie de intervalo entre as palavras finais de Jesus pronunciadas na sexta-feira santa, "tudo está consumado", e a Insurreição da vida que, na manhã da Páscoa, ele mesmo protagoniza. O sábado tem assim um silêncio que não se sabe bem se é ainda o da pedra colocada sobre o túmulo, ou se é já aquele misterioso silêncio que prepara "o grande levantamento" que a ressurreição significa. Este "intervalo", esta terra de ninguém, este tempo amassado entre derrotas e esperança, entre provação e júbilo é o da nossa vida. O silêncio do sábado santo é o nosso silêncio que Jesus abraça. O silêncio dos impasses, das travessias, dos sofrimentos, das íntimas transformações. Jesus abraça o silêncio desta sôfrega indefinição que somos entre já e ainda não.


3. Manhã de Domingo

É quase paradoxal o modo como os Evangelhos contam a Ressurreição. Desconcerta que não exista, nos discípulos, uma crença imediata, que não considerem as provas avançadas sem refutação ou não tomem os primeiros testemunhos por inabaláveis. A notícia da Ressurreição começa por ser vivida com suspeita, desconfiança, receio, distância. A frase de Tomé, "Se eu não o vir não acredito", é, no fundo, a posição de todos. A notícia circulava em voz baixa, como uma insinuação que não era tomada muito a sério. Os dois discípulos de Emaús já a tinha ouvido, mas mesmo assim estavam dispostos a abandonar tudo. Contudo, o anúncio da Ressurreição vai crescendo. Mesmo não acreditando nas mulheres, Pedro e João correm ao sepulcro. E João vê o silêncio dos sinais e acredita. Os dois discípulos foragidos reconhecem Jesus numa hospedaria de estrada e regressam a Jerusalém. O próprio Ressuscitado vem ao encontro de Pedro e dos discípulos atravessando as portas que eles tinham fechado. E Jesus estende as mãos às dúvidas de Tomé. Pouco a pouco, é em torno àquilo que primeiro declararam impossível que eles se reúnem e vivem.

Recordo-me do conselho despretensioso que um Padre do Deserto dava a quem o interrogava insistentemente sobre os mistérios de Deus: "Entra apenas. Permanece até ao fim. E sai mudado".


Pe. Tolentino
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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Evangelizar é contar uma história de amor

Evangelizar é contar uma história de amor cheia de sentido para os seres humanos. Esta história é fecunda, pois assenta na verdade de Deus e do Homem. Por outras palavras, a acção evangelizadora tem uma enorme força libertadora por ser a narração da verdade de Deus e do Homem: podemos dizer que Jesus Cristo é o ponto de encontro da verdade de Deus com a verdade do Homem. É esta a razão pela qual Jesus disse aos discípulos que ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6).

Ao ressuscitar, Jesus enviou-nos o Espírito Santo o qual, como diz Jesus no evangelho de São João, nos conduz de modo gradual e progressivo para a verdade total (Jo 16, 13). Através das suas palavras e do seu jeito de actuar, Jesus foi o grande contador da história do amor incondicional de Deus por nós. Depois, ao ressuscitar, comunicou-nos a força e a sabedoria do Espírito Santo, a fim de nos capacitar para evangelizarmos o nosso mundo.

Segundo o evangelho de São João, Jesus vivia de tal modo unido ao Pai que um dia afirmou: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9). O evangelho de São Lucas diz que o conhecimento de Jesus sobre a verdade de Deus e do Homem era perfeito. Um dia, Jesus exultou de alegria pela força do Espírito Santo, pois deu-se conta de que alguns dos seus ouvintes estavam a acolher a verdade de Deus no seu coração.

Este relato de São Lucas é um excelente exemplo da alegria que invade o coração do evangelizador, ao verificar que a sua palavra está a ser acolhida. Eis as palavras de Jesus: “Naquele momento, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: “Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, como ninguém conhece quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Depois, voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver. Porque eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e o não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21.24).

Jesus ensinou-nos que Deus Pai, nos ama de modo incondicional. Na verdade não Deus não esteve à espera de que fôssemos bons para gostar de nós. Na parábola do Filho Pródigo, Jesus ensina-nos que Deus Pai tem um coração cheio de bondade para connosco. Todas as tardes, dizia Jesus, o Pai vinha ao alto da colina, a fim de ver se o filho que tinha fugido estava de regresso. Num dia de sol, mesmo à tardinha, o Pai avista ao longe o filho que regressa. Com os braços abertos corre ao encontro do filho. Cheio de ternura beija-o e leva-o para casa, vestindo-lhe o fato da festa (cf. Lc 15, 25-32). Com esta parábola, Jesus quis ensinar-nos que o Pai nos ama sempre, apesar de sermos pecadores.

O Espírito Santo, no nosso íntimo, ajuda-nos a fazer a experiência deste teu amor por nós. É também o Espírito Santo que nos dá a sabedoria necessária para anunciarmos aos nossos irmãos este teu amor infinito por todas as pessoas. Na verdade, evangelizar é anunciar uma história de amor incondicional que diz respeito a todos os homens.

Com efeito, a Palavra Deus projecta uma luz sobre os acontecimentos, ao ponto de mesmo alguns acontecimentos que parecem tirar sentido à vida acabam por ter sentido quando olhados à luz da Vossa Palavra. Podemos dizer que a Palavra potencia o sentido daquilo que já o tem e confere sentido àquilo que, à simples luz da razão, parece não o ter. É a revelação que faz emergir no coração e na mente dos crentes a vida teologal, distinguindo-o dos demais crentes pelo modo novo de ver e ajuizar acerca dos acontecimentos.

À medida em que o crente vai cresce nesta vida teologal, torna-se sal, luz e fermento no mundo. A vida teologal é a sabedoria que emerge no coração dos crentes à medida em que o Espírito Santo nos vai confidenciando os mistérios de Deus.

Calmeiro Matias
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quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Dívida Soberana – Sete mandamentos para atravessarmos a crise

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"O pão multiplica-se quando aceita ser repartido. A gramática da Vida é a condivisão"

1º - A primeira de todas as dívidas soberanas, e certamente a mais fundamental, é aquela que cada um de nós mantém para com a Vida. Essa dívida nunca a pagaremos, nem ela pretende ser cobrada. Reconhecer isso em todos os momentos, sobretudo naqueles mais exigentes e confusos, é o primeiro dos mandamentos.

2º - Se a maior de todas as dívidas soberanas é para com um dom sem preço como a vida, cada pessoa nasce (e cresce, e ama, luta, sonha e morre) hipotecada ao infinito e criativo da gratidão. A dívida soberana que a vida é jamais se transforma em ameaça. Ela é, sim, ponto de partida para a descoberta de que viemos do dom e só seremos felizes caminhando para ele. É o segundo mandamento.

3º - O terceiro mandamento lembra-nos aquilo que cada um sabe já, no fundo da sua alma. Isto de que não somos apenas o recetáculo estático da Vida, mas cúmplices, veículos e protagonistas da sua transmissão.

4º - O quarto mandamento compromete-nos na construção. Aquilo que une a diversidade das profissões e as amplas modalidades do viver só pode ser o seguinte: sentimo-nos honrados por poder servir a Vida. Que cada um a sirva, então, investindo aí toda a lealdade, toda a capacidade de entrega, toda a energia da sua criatividade.

5º - A imagem mais poderosa da Vida é uma roda fraterna, e é nela que todos estamos, dadas as nossas mãos. A inclusão representa, por isso, não apenas um valor, mas a condição necessária. O quinto mandamento desafia-nos à consciência e à prática permanente da inclusão.

6º - As mãos parecem quase florescer quando se abrem. Os braços como que se alongam quando partem para um abraço. O pão multiplica-se quando aceita ser repartido. A gramática da Vida é a condivisão. Esse é o mandamento sexto.

7º - O sétimo mandamento resume todos os outros, pois lembra-nos o dever (ou melhor, o poder) da esperança. A esperança reanima e revitaliza. A esperança vence o descrédito que se abate sobre o Homem. A esperança insufla de Espírito o presente da história. Só a esperança, e uma Esperança Maior, faz justiça à Vida.

José Tolentino Mendonça
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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tem piedade de mim, que sou pecador



Meu Deus, na Tua compaixão
derrama sobre mim o olhar do Teu amor
E recebe a minha ardente confissão.

Pequei mais do que todos os homens,
pequei só contra Ti, Senhor;
faz-me participar da Tua misericórdia,
meu Salvador, porque me criaste. [...]
Meu Redentor, manchei a Tua imagem e semelhança (Gn 1, 26), [...]
desfiz em farrapos o vestuário de perfeição
que o próprio Criador fabricou para mim e estou nu;
em seu lugar quis usar uma farpela rasgada,
obra da serpente que me seduziu (Gn 3, 1-5). [...]
Fiquei fascinado com a beleza
da árvore que traiu a minha inteligência:
agora estou nu e coberto de vergonha. [...]

O pecado me revestiu de túnicas de pele (Gn 3, 21),
agora que fui despojado
das vestes tecidas pelo próprio Deus. [...]
E, como a prostituta, grito:
pequei contra Ti, só contra Ti.
Ó Salvador, acolhe as minhas lágrimas,
como aceitaste o perfume da pecadora (Lc 7, 36 ss.)

E, como o publicano, grito:
tem piedade de mim, ó Salvador.
Perdoa-me, porque de toda a descendência de Adão
ninguém pecou como eu. [...]
Prostrado como David (2 Sm 12),
estou coberto de lama;
Mas assim como ele se lavou nas próprias lágrimas,
lava-me Tu também, Senhor!

Ouve os gemidos da minha alma
e os suspiros do meu coração;
acolhe as minhas lágrimas
e salva-me, meu Redentor.

Porque Tu amas os homens
e queres que todos se salvem.
Faz-me voltar à Tua bondade
e nela me recebe,
porque estou arrependido.

Liturgia Bizantina da Quaresma
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sábado, 2 de abril de 2011

Cão salvo em alto mar 3 semanas após o Tsunami



Três semanas após o tsumami a guarda costeira japonesa encontrou e salvou em alto mar um cão que se encontrava em cima do telhado de uma casa que insistia em flutuar numa pequena ilha de destroços.
Foram necessárias algumas horas para capturar o cão porque ele assustado, fugia entre os destroços quando se apercebeu da chegada do helicóptero com a equipa de salvamento.
As autoridades fizeram saber que a coleira do cão não deu pistas sobre o seu dono.
Após o resgate, o cão ficou quieto e comeu o biscoitos e salsichas.
Aqui fica o vídeo do resgate.

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...